terça-feira, 28 de maio de 2013

JANELA



Eu já tive uma janela.
Da minha janela aberta eu via o mundo.
E o mundo era pequeno
Cabia numa manhã.

Passava o homem que vendia pirulito
Pirulito ainda não era feio e indecente.
Era um bombomzinho de açúcar, fininho.
Passava a menina que ia pra escola.
Cabelo molhado, sorriso inesquecível e cheiro de colônia...
Passava a Lídia Brondi com seu olhar encantador.   
Passavam os pescadores com os cambos de peixes brilhantes
E legiões de soldados que marchavam sisudos para uma guerra distante.  

Ficava horas ali, olhando o mundo.
Na cozinha, o feijão borbulhava na panela.
As galinhas engoliam pedrinhas no terreiro.
De repente o aviso: "o almoço tá pronto."  
A realidade invadia o mundo
E a minha janela se fechava.  

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