terça-feira, 19 de março de 2019

OFÍCIO



Alguns morrem de fome
Eu como os dias.
Almoço manhãs e janto noites.
Porém, o tempo é efêmero
E eu permaneço faminto.
Faminto, no entanto, vivo.

Alguns morrem de tédio
Eu me disfarço.
Corto pernas, braços, corto sonhos.
Já não sou bicho nem homem
Sou uma coisa imprecisa
Mas não morro.

Alguns cultivam flores,
Eu faço versos.
Teço metáforas como quem delira
E vou juntando do meu lado esquerdo.
E agora te ofereço
Por não ter mais nada.

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