sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Beira-mar




Na avenida Beira-mar
O turista passa ligeiro,
Querendo alegria em grosso,
Do tanto do seu dinheiro.

Mas também passa o menino
"Saco de cola na mão".
Sobe sozinho ou em grupo
Faminto de amor e pão.

Na avenida Beira-mar
Passa atleta e pescador.
Um busca manter a forma, 
O outro, a vida sem dor.

Na avenida Beira-mar
Até matuto passou.
Queria espiar o mar
Mas quando viu se assustou.

Na avenida Beira-mar
Passa o filho do doutor.
Circula mecanizado
No alto do seu motor.

Porém quando o sol se esconde,
Já não passa quem passou
E outros sere transitam
No frio que o mar esfriou.

Mulheres quase crianças
Embarcam na procissão
E seguem indo e voltando,
Dando e pedindo perdão.

Suas pernas seminuas,
Seios, carícias, batons...
Tudo vai se misturando
Às outras formas passantes.

Sempre se encontra um polícia
Batendo noutro infeliz.
Uma que veio do morro
Vende goles de esperança.

Na avenida Beira-mar
Tem retratista e palhaço.
Pastor e falso profeta
Vejo quando por lá passo.

Na avenida Beira-mar
Passa a prole e a burguesia.
Caminham, mas não se olham,
Passeiam na maresia.

Um casal de namorados
Passa também todo dia,
Dividem sonhos e medos
Das dores do dia-a-dia.

Na avenida Beira-mar
Passam muitas Fortalezas
Cada uma vinda de um canto
Filhas da mesma incerteza.

Irmãs que não se conhecem,
Frutos deste mesmo mar.
Um dia, talvez, quem sabem
Descubram o verbo amar.         

Nenhum comentário:

Postar um comentário