Vida sofrida, vivida
Sem luxo, sem mordomia
Sem nunca nada sobrar...
Meu pai trabalha qual burro
Já velho, cansado e fraco
Tem que fazer-se de duro
Pra em casa nada faltar.
Mamãe, as vezes, se afoba
E grita, espragueja e roga
Pede a Deus para ajudar.
Será que ele dá ouvidos?
Ocupado em outras coisas
Seu tempo não vai perder...
Temos que continuar
Com o pouco que ganhamos
A comida é minguada
O pão, as vezes não dá.
Mas repartimos miúdo
O pouco, com ele é tudo
Não cansemos de rezar.
E quando um adoece
Surge um triste dilema:
Comer ou remediar?
Porém, sempre há um jeitinho
Faz-se das fraquezas, forças
Temos que continuar.
E a escola, os cadernos?
A roupa nova, os sapatos...
Não vejo de onde sai.
O que ele ganha é tão pouco
E tudo é uma carestia...
Não sei se é a virgem Maria.
Sei que sai.
Não compra nada pra si
Anda pobre, sem se exibir
Tudo que ganha é pra nós.
Vai cumprindo sua sina
Se reclama, não desanima
Leva a vida a sonhar.
Quer ver os filhos doutores
Qualquer coisa diferente
Menos ser como ele é.
Não sabe ele que o filho
Nele ver um grande herói.
Maior do que qualquer outro
Até da televisão.
Herói sem farsa, perfeito
Verdadeiro, com defeitos
Mas também com qualidades.
O maior homem do mundo
Que por ele tudo faz.
Homem baixinho, "corcundo"
Porém, bondoso e amigo
Irmão, companheiro, pai.
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