terça-feira, 30 de abril de 2013

VIDA SOFRIDA

 
 
Vida sofrida, vivida
Sem luxo, sem mordomia
Sem nunca nada sobrar...

Meu pai trabalha qual burro
Já velho, cansado e fraco
Tem que fazer-se de duro

Pra em casa nada faltar.
Mamãe, as vezes, se afoba
E grita, espragueja e roga

Pede a Deus para ajudar.
Será que ele dá ouvidos?
Ocupado em outras coisas

Seu tempo não vai perder...
Temos que continuar
Com o pouco que ganhamos

A comida é minguada
O pão, as vezes não dá.
Mas repartimos miúdo

O pouco, com ele é tudo
Não cansemos de rezar.
E quando um adoece

Surge um triste dilema:
Comer ou remediar?
Porém, sempre há um jeitinho

Faz-se das fraquezas, forças
Temos que continuar.
E a escola, os cadernos?

A roupa nova, os sapatos...
Não vejo de onde sai.
O que ele ganha é tão pouco

E tudo é uma carestia...
Não sei se é a virgem Maria.
Sei que sai.

Não compra nada pra si
Anda pobre, sem se exibir
Tudo que ganha é pra nós.

Vai cumprindo sua sina
Se reclama, não desanima
Leva a vida a sonhar.

Quer ver os filhos doutores
Qualquer coisa diferente
Menos ser como ele é.

Não sabe ele que o filho
Nele ver um grande herói.
Maior do que qualquer outro

Até da televisão.
Herói sem farsa, perfeito
Verdadeiro, com defeitos

Mas também com qualidades.
O maior homem do mundo
Que por ele tudo faz.

Homem baixinho, "corcundo"
Porém, bondoso e amigo
Irmão, companheiro, pai.      

Nenhum comentário:

Postar um comentário