sábado, 30 de janeiro de 2010

RETRATO



O que me encanta é o momento
Efêmero, rápido, insuspeito
O sorriso inesperado,
A mão rápida e fugidia.

Minha matéria é o que fica
Entre o real e o possível,
a existência e o sonho,
a vida e a poesia.

E disso eu faço meu canto.
Transponho vales e montes,
sem leis ou filosofias.
Quando estou muito triste, choro.
E rio, se tenho alegria.

Sei que serei esquecido
De todos, até de mim mesmo,
Logo que a última palavra
Seja vítima do silêncio
Que acaba cobrindo tudo.

Agora que não estou mudo,
Canto..., só o canto me alivia.
Com o tempo, fui aprendendo
Curar tristezas com versos,
Solidão, com ironia.
Melancolia, com sonhos.
E a morte, com poesia.

E se o poema for pouco?
O canto, sem melodia?
A plateia, sem motivo?
A vida, sem alegria?

Ficarei só, no meu canto.
E cantarei, todo dia.
Minha palavra, meu canto,
Sem leis ou filosofias.
E estarei bem, mesmo quando
As luzes todas cansarem
De iluminas os sorrisos
E deixarem as noites mais frias...
Ficarei só, no meu canto.
E cantarei, todo dia.

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