Eu também já fui rei, igual no samba.
O mundo era todo meu.
Ainda hoje carrego alguns tesouros, na memória.
Um riozinho verde, ao pé de um velho muro escurecido.
As formigas de roça sofriam para atravessá-lo.
Um pé de cajá, uma brisa de fim de tarde e um caminhão de desejos.
A nascente do rio era embaixo do jirau de lavar as coisas.
Minha mãe cantava, meu pai tomava café fazendo barulho.
A canção se interrompia e ele ficava em silêncio.
Eu achava tudo lindo, até o silêncio de meu pai.
Hoje, quando tomo café, tenho o cuidado de não fazer barulho.
Às vezes esqueço.
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